segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Dia cinza

Estou bastante triste hoje. Sei lá, acordei assim.
Essa noite sonhei que uma amiga que já tem filhos veio me visitar e eu mostrei para ela o boneco que ganhei do meu pai (sabem aquelas bonecas feitas à mão que são idênticas a um bebê?) e ela demorou um tempão e percebi que não estava com coragem de me falar alguma coisa. Depois ela falou que estava grávida. Fiquei feliz no sonho, mas lembro que pensei que ela não queria me falar pois o único bebê que eu teria seria aquele boneco e que por isso ela estava com medo de tocar em um assunto que iria me chatear.
Aí hoje fiquei pensando que realmente talvez esse seja mesmo o único bebê que eu vou ter...
E bem, fora isso tem uma pessoa que eu amo da família que está com um problema de saúde grave. E tem outras coisas que doem também.
E mais uma vez, acordei e pensei que a alegria não existe para todas as pessoas. Aliás, acho que estamos aqui nesse mundo para sofrer mesmo, não é esse o ponto, mas acordei amarga de novo. Como se eu pudesse falar para alguém que pessoas jogam seus filhos nas lagoas, deixam-nos nos lixos, abandonam, deixam crescer na rua, deixam passar fome e muitas outras coisas, mas essas pessoas continuam tendo filhos. E que eu acho que não sou muito grande coisa, mas não faria isso nunca na vida, mas que mesmo assim não vou ter a chance. Talvez eu jamais tenha filho nenhum por que não seria uma boa mãe. Pode ser. Ou por que eu não sou religiosa. Ou por que isso irá me ensinar alguma lição. Ou por que não era para eu ser mãe mesmo. Ou por que não rezo muito. Ou por que esperei demais. Ou por que seja apenas aquela que aleatoriamente se encaixa no percentual de animais que jamais procriarão. Sei lá. Sei que hoje estou sentindo a casa vazia, a falta de perspectiva bater, a falta de uma gargalhada de criança, de um abraço, de segurar em mãos pequenininhas e de ter novidades para acompanhar (os primeiros passos, a primeira palavra, o dentinho que nasceu, a escolha da escolinha, a carinha, o sorriso etc.). Acho que seria muito bom aguardar a barriga crescer, esperar para ver com quem se parece, descobrir o sexo, escolher o nome, fazer os ultrassons... Depois tirar as primeiras fotos, colocar roupinhas coloridas e ver o bebê brincar com os primeiros brinquedos, ver como é o gênio (se é quietinho, birrento, chorão, bonzinho).
O fato é que muito provavelmente eu jamais tenha filhos. Tenho que ser realista. Depois de descobrir que não poderia ter pelos métodos naturais e ainda tentar duas ICSIs, fica difícil achar que as coisas ainda podem ter alguma saída...

Hoje estou sentindo falta do filho que nunca veio. E que talvez, jamais virá.

4 comentários:

FAXINEIRA disse...

Sei que é complicado falar de um assunto pelo qual nunca passei. Porém, considerando que eu tenho 31 anos e um monte de coisas não resolvidas, muitas vezes me pego pensando se dará tempo ainda de ser mãe.

Quando observo a minha vida, percebo que indiretamente eu sou mãe de uma porção de pessoas. Além do quê, mesmo que eu não consiga ser mãe (coisa que me frustraria muito), tento fazer que a minha existência valha por si só.

Dalila, sei que não te conheço pessoalmente,nem intimamente. Mas gostaria de te dizer, que às vezes a gente tem que parar de pensar nos "porquês" e simplesmente viver o melhor que pudermos. Fazendo vale a pena.

Beijos grandes dentro do seu iluminado coração.

Carina Mosmann disse...

EU ENTENDO SUA TRISTEZA,
Vou te contar um pouco de mim.
Sou casada há 10 anos e meu marido já tinha contraído HIV antes do nosso casamento,quando ele me contou bem no inicio do relacionamento, confesso que fiquei muito chocada, mas resolvi arriscar e te digo q fui feliz em minha escolha, sou muito feliz ao lado dele e tenho um à família maravilhosa. ( e tenho certeza q p muitos isso seria uma tragédia, não é?)
Ele tem 2 filhos meus enteados querido, estamos tentando ter um filho, já fiz a 3 anos 2 inseminação artificial sem sucesso, agora inicie o tratamento para FIV estou um pouco ansiosa, mas aprendi que às vezes a felicidade esta no nosso lado. E acho q vc tem ver as coisas assim, eu também não sou muito religiosa, mas acredito que estamos nesse mundo para ser testando nossa força, claro q temos o desejo de passar por todos os passos de uma gestação, mas como vc falou tem tanta criança na rua sendo jogada fora, e pensando da mesma forma (q é infeliz q outras crianças têm um vida maravilhosa c/brinquedos comida e amor da família)
E aí te digo q estou tentando outra vês, mas pode ter certeza que tenho um limite, caso meu corpo não consiga gerar uma criança, vou buscar um filho ,que quer uma mãe, pense nisso.
Beijos, e melhoras

Dali disse...

Oi meninas, desculpem a fase deprê... logo as coisas se acertam.
No fim, como disse a Débora, temos que viver o melhor que pudermos. Não adianta ficar pensando muito e todos nós temos coisas para passar aqui nesse planeta. Talvez essa mais uma das minhas cruzes. Sei lá.
Obrigada pelo carinho, meninas!

Quanto à FIV, entre depois nos blogs das meninas que deixei o post aqui, elas conseguiram!!

Mil beijos e obrigada!

tais disse...

oie minha querida,sei que vc é uma guerrera e vai se superar sempre,pois somos mulheres e é assim que fomos ensinadas a ser.
Estou passando por poucas e boas em busca de meu sonho e sabe a pergunta foi se vale a pena e a resposta veio a minha cabeça de imediato ...sim vale sim.
Vale a pena a luta,mesmo sem saber o resultado final.
Agradeço a Deus pela força que tenho tido em todo esse tempo.
Nao sei qual sera o meu futuro mas estou esperando ainda pelo meu filho .
Sei que só por f.i.v e nem sei se quero mais fazer f.i.v ....só me resta filho de coraçao ...
BJs