terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tratamento

Olá pessoas!
Demorei para aparecer por aqui, pois foram duas semanas de muita correria! Viagem para Curitiba, viagem para Petar, chefe novo, correria no trabalho, aniversários, etc...

Enfim, fui ao médico, gostei da clínica e ele parece ser um grande especialista. Não tomei nenhuma decisão, mas estou pensando em fazer uma tentativa de fertilização nas minhas férias, em Março. Provavelmente uma tentativa, e a última.

Já havia comentado que estava meio cansada dessa história, pois como o tempo passa e a gente vai se acertando, adaptando e tirando do foco, creio que chega uma hora que a gente quer mais é ter a situação resolvida, para sim ou para não.

Acho que eu devo para mim mais uma tentativa, com 35 anos, assim passo pela experiência e se o filho vier será muito bem vindo, esperado e amado, mas se não vier é chegada a hora de tocar o barco. Bom, é o que penso. (Hoje pelo menos)

No mais, a viagem foi ótima, ele deu bons toques e falou umas coisas legais sobre o tratamento como o uso de pouco medicamento para não sobrecarregar o organismo da mulher, falou para não parar de fazer exercício (só em dias específicos, que ele informará. Bom, não faço nenhum, aí ele me mandou fazer, urgente), falou que café demais prejudica mesmo a fertilidade, que é preciso comer pelo menos duas frutas por dia, que esse negócio do organismo da mulher expulsar o embrião é bobagem, que cross match não vale a pena, enfim, desmoronou um monte de mitos e falou que só depende de mim querer isso até o fim, pois da parte dele ele não para os tratamentos enquanto vc não sair de lá grávida.

Há muitos bons depoimentos nos folders a respeito da clínica, a sala de espera estava lotada, algumas das mulheres exibindo um barrigão.

Ele faz várias coisas diferentes, pelo que pude ver:

  • Menos medicamentos
  • Tem um super-microscópio para fazer o que ele chama de super-ICSI e escolher o melhor espermatozóide
  • Um microcorte com laser no embrião, para ajudá-lo a se fixar (principalmente em mulheres acima de 35 anos)

Parece ser um tratamento bem interessante e saí de lá com a sensação de que ele é o médico ideal para esse tratamento. Isso depois de ter visitado incontáveis médicos (creio que umas 2 dúzias). Haviam outros muito bons no caminho, mas nenhum pareceu ter tanto know-how, ser tão requisitado e ter tanta segurança no tratamento, além de ter opções um pouco diferenciadas das demais (para quem já fez FIV, sabe que o tratamento é meio-padrão). Parece ser uma boa alternativa e á a alternativa que vou embarcar.

Chances de gravidez: 40%.

Creio que são boas não?


***

No mais, Curitiba continua linda, fui com minha mãe, passeamos, visitamos lugares bonitos (torre 360 graus, parque Tanguá, Tingui, Memorial Ucraniano, etc.) e jantamos no Madalosso. Muito bom! Como somos vegetarianas, o garçom nos trouxe pratos só para nós, sem carne. Estava delicioso! E em outro restaurante, paguei um mico: minha mão queria penne ao molho branco, eu também, então pedi para o garçom dois pennis ao molho branco. Incrível. E nem pude cair na risada para não piorar...
Segue uma foto de Curitola para vcs.


Encontrei minha amiga linda Beth, que emagreceu 50 kilos e está linda e me levou comer um doce delicioso chamado lua-de-mel, além de eu ter aproveitado e ter finalmente provado os tais macarons, aqueles doces franceses recheados deliciosos (segue fotinha). Delicioosoooos!


***

E no final de semana passado fomos para Petar! Fomos conhecer algumas cavernas, trilhas, passei medo de altura (tenho pânico e tive que subir e descer escadas no escuro, andar por pontes bambas, andar em cima de troncos finos, em encostas de morro! enfim, passei muuuuito medo!!) mas foi maravilhoso!! Eu estava com medo de aranhas, mas como passei um cortado com as malditas escadas dentro das cavernas, quando vi as aranhas nem liguei... hehehe
Olha, lindo!! Fomos nas cavernas nível 1 (nivel bocó, na minha tradução) e mesmo assim é um tanto quanto radical (altura, buracos nas pedras, pontes estreitas, 7 km de caminhadas nas encostas, aranhas, morcegos, etc.) enfim, tem que ter um pouco de sangue-frio (quem vai nas cavernas nível 5 tá rindo da minha cara agora!). Eu quero ir de novo, amei!!! Mas só vou nas cavernas nível 1 e que não tenham escadas!!!
Segue uma fotinha:
Bjs e até mais!!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Amanhã é o dia!!

Pessoal, amanhã vou com minha mamá para Curitiba para conhecer a famosa clínica de fertilidade de Curitiba. 6 horas de viagem e 2 dias passeando por aquela cidade linda!!

Estou ansiosa pela consulta e depois que voltar conto tudo como foi. É a primeira consulta, o tratamento vai ficar para o ano que vem.

Passei duas semanas doida, errando o caminho de casa, o caminho para o trabalho (quando eu dava por mim estava no centro da cidade ou no meio da marginal, ou quando estava indo em direção a um restaurante, acabava percebendo que eu estava em frente de casa e não tinha nada a ver!! hehe), enfim, passei duas semanas sem ter a menor idéia do que fazer, se faria o tratamento ou não, se arriscava ir para a Hungria (sério, eu realmente considerei isso) ou se deixava tudo quieto e embarcava na realização do meu sonho de conhecer a Europa, transformava o quarto extra em closet e arrumava mais um cachorro! Bem, no fim, venceu ainda o sonho de ser mãe, de ver a barriga crescer, de escolher o nome e tentar mais uma vez. Afinal, estou agora com 35 anos e se eu não tentar de novo agora, daqui a 10 anos vou pensar que eu ainda tinha uma chance e a disperdicei.

Mas vamos lá: que droga de idade é essa? parece que minha vida está sendo dividida em duas, um olho para o passado, outro para o meio do nada. Parece que cheguei a um patamar da minha vida. Vocês tiveram essa sensanção nessa idade (se já passaram por ela)? É muito estranho, afinal, agora não dá mais tempo de virar astronauta, botar uma mochila nas costas e andar o caminho de Santiago de Compostela, virar estrela do rock ou militante aposentada. Não que algum dia na vida eu tenha querido fazer quaisquer dessas coisas, mas o que eu quero dizer é que estou com a sensação de que tudo que eu tinha para ganhar nessa vida, eu já ganhei, sendo bom ou ruim, parece que as cartas já me foram dadas. Agora fica a manutenção das coisas e de quebra umas dores nos joelhos, um punhado de cabelos brancos (argh!) e manchas no rosto (arghhhh de novo!). Enfim, a veieira está apontando e ou eu me mexo logo, ou simplesmente aceito que o resto da minha vida vai ser exatamente como está agora.

Vai ser ruim? Não. Minha vida está boa, graças a Deus. Mas um filho seria muito legal e traria muitas outras alternativas interessantes... pena que para mim (e para tantas outras) esse sonho custe tanto.

Enfim, vamos a minha primeira experiência do Turismo in Vitro - rumo à Curitiba!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Turismo in vitro

Meninas,

Cá estamos com caraminholas na cabeça....
Pois essa nossa vida de infertilidade tem seus altos e baixos, desejos e desistências, sonhos e pesadelos... enfim.
Esse final de semana passei pensando e pensando em fazer tratamento, dar negativo, me frustrar, jogar um dinheirão (que eu não tenho) no lixo (afinal, o carro vai para o espaço!) e no fim de novo ver os tais negativos nos exames, as cólicas diárias até a perda dos embriões, etc. Vocês podem pensar: mas e o pensamento positivo, guria? Afff, sei lá...

Mas enfim, hoje eu estava desanimada com a fogueira de dinheiro que iria armar em breve e meu chefe me deu uma ideia: por que vc não vê tratamento fora do país? Talvez vc ache mais barato e vc já aproveita tirar umas férias com o maridão.

E então achei um site fantástico que tem comparativos de FIVs ao redor do mundo (link abaixo) e alguns lugares mais baratos são: Hungria, Korea, República Tcheca etc.

Vi umas clínicas ótimas na Hungria,  e vejam só a simulação em uma delas, em Reais:
5.000,00 - FIV + ICSI (1.500,00 Euros a FIV + 500 da ICSI!)
1.700,00 - medicamentos
3.600,00 - passagens
1200,00 - hospedagem - 18 dias (tem hotéis fofinhos por 24 dólares a diária!)

Enfim, 11.500,00 para dois adultos viajarem para a Europa e passarem quase 20 dias por lá, visitando Budapeste, dando uma esticadinha para Viena... imagine que delícia!
Lógico que o maridão bursted my bubble e perguntou: e se vc tiver uma reação à medicação, vamos para onde na Hungria? Tem internação? Alguém recomendou essas clínicas?
Bem, lógico que não sei nenhuma das respostas, mas passei o dia animadíssima! Conhecer a Europa pelo preço de uma tentativa de FIV no Brasil!!

Segue o link do site que mostra o comparativo de preços:
http://www.ivfcost.net/ivf-cost/a-comparison-of-the-ivf-cost-worldwide
 
Site da clínica Kaali Institute (Obs: enviei um e-mail e recebi rapidamente uma resposta elaborada, respondendo muitas de minhas perguntas, entre as quais como proceder para não ter que viajar várias vezes para lá, etc. Depois eu posto aqui o comentário do atencioaso Dr. Kovac):
http://www.ivfpregnancycenter.com/index.php?p=10

Olha fiquei bem impressionada... mas não consegui convencer o marido...


Achei até um interessante agora à noite no Panamá.

http://www.centrofecundar.com/english/invitro.asp



Que tal, vamos lançar o turismo in vitro??






 .

domingo, 24 de outubro de 2010

Consulta marcada para 05 de novembro!

Resolvi investir de novo em tratamentos e marquei uma consulta com Dr. Karan em Curitiba no próximo dia 05/11.

Eles fazem a gravidez garantida, onde vc paga 19.750,00 e faz quantas tentativas forem necessárias até o tratamento dar certo. Tem um plano de preços decrescentes também, não sei se compensa mais... Vou até lá para ver quais as chances, como funciona o tratamento e a possibilidade de resultado. Estou fazendo um caderninho com todas as dúvidas que eu tenho para perguntar para ele e depois decido em casa como vou fazer.

Preciso fazer os exames, mas ainda não recebi as guias pelo correio... se não der tempo de ficarem prontos, vou precisar alterar a data. Afinal, estou em sampa...

Já parei de tomar as bolinhas para emagrecer, assim se eu fechar o pacote, em março devo tentar a primeira tentativa e já estarei sem remédios no corpo... Preciso ir na dermatologista para ver os tratamentos para a pele, para também não interferir. Enfim, estou animada!!

Quanto a adoção, estou dando um tempo na ideia. Não estou muito a fim de me estressar...

Segue o link do site:

http://www.centrodefertilidade.com.br/

O site é muito explicativo e muito interessante, recomendo!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Diversos, novidades e pensamentos

Olá,
Estou passando por aqui para escrever um capitulozinho a mais dessa saga dantesca em busca de fraldas, berços e chorinhos...
Então, pensando em tudo isso e ao mesmo tempo tentando não pensar em nada disso, nesse próximo sábado, num rompante, vou visitar meu primeiro orfanato.
Sim, porque as opções de termos um bebê adotivo com essa nova lei parecem absolutamente impossíveis, então, voltamos para o dilema dos tratamentos ou para a adoção tardia.
Algumas pessoas questionam o porquê de tanto sofrimento com tratamentos se a adoção é indolor e ainda benéfica... bem, como já falei aqui, REALMENTE eu gostaria de ter um bebê, aprender a ser mãe, conhecer a criança, passar pelas fases todas, sabem?? e bom, aguardar na fila por um bebê pode ser ad eternum e não tenho saúde para receber um recém-nascido daqui a 12 anos, quando completar 48 anos. Sorry. Parabéns para quem tem saúde para isso, eu não tenho.
Então, adoção tardia:
Não sei. Nao tem nenhuma criança na minha família. Não tenho sobrinhos. Meu irmão era só dois anos mais novo que eu. Portanto, não, não sei como é uma criança de 5 anos. Ou de 8, ou de 3. Nao sei o que já aprendeu, em que fase está e o que precisa ainda aprender.
Enfim, vou esse sábado pela primeira vez num orfanato. Já sei que as crianças não tem anteninhas nas cabeças ou buzinas nos narizes. Já me explicaram isso. Mas falando sério, eu realmente preciso ter contato. Nao sei o que esperar. E sabem, no fim, estou super animada para ir!
Depois eu conto tudo. É uma instituição pequena, com poucas crianças. Só duas para adoção, o resto tudo perdido no buraco negro da burocracia brasileira (ah é, burocracia não existe, a fila não anda por que somos racistas! esqueci...), enfim, depois eu conto tudo!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Nova Lei de Adoção e Campanhas

As campanhas de adoção em todo o país pedem que os pais adotantes não tenham "preconceitos"contra cor, idade, sexo, etc.

Vi uma entrevista da criação de grupos de apoio a pais que desejam adotar para que deixem o 'preconceito' de lado e adotem crianças mais velhas ou crianças de outras etnias.

Acho interessante promover a adoção de crianças mais velhas e promover o fim de preconceitos.

Mas me sinto pessoalmente ofendida quando, a partir do momento em que entro em um processo de adoção, passo a ser conhecida como uma pessoa preconceituosa e que exige que a criança seja um bebê de até 2 anos só por capricho ou preconceito. Ninguém se importa com minha história ou que sonhamos, mas sim com o fato de que se estou na fila, é por que sou um monstro caprichoso e intolerante, que não sabe o que é amor. Parece que sou uma criminosa. Só por que entrei na fila de adoção.

Acho que deve existir uma forma de começarmos a enxergar os seres humanos que estão na fila de adoção, antes de tentar resolver o problema do Estado em manter as crianças e também os problemas do mundo, pois não será possível acabar com a violência, maus-tratos ou pobreza simplesmente pedindo para as pessoas adotarem mais crianças.

Primeiramente por que a adoção não pode jamais ser um caso de caridade, para não causar mais problemas a criança. Veja, caridade o ser humano faz até o seu limite de tolerância, e isso se limita a uma situação simples, sem complicadores. Má-criação, problemas de relacionamento, envolvimento com más companhias etc. costumam quebrar em pedaços a caridade, pois o objetivo não era ter a pessoa como membro da família, mas como uma forma de externar bondade. Que é uma péssima idéia.

Portanto, a adoção tem que ser para que pais queiram ter filhos, e mesmo que a justiça não goste muito de ver as coisas por esse ângulo, pois quem movimenta esse mundo são os pais. E precisam ser pais, não pessoas que estão passando pelo orfanato para fazer caridade. Daí o incômodo de dizer que as pessoas que estão na fila tem preconceito e não deixam a fila andar.

Querem dizer que quando a fila não anda não é por culpa da burocracia, da lentidão da justiça, de um processo enferrujado e cheio de pareceres, análises, meses de espera, anos de fila e do fato das crianças passarem anos num abrigo sem decisão da justiça para suas situações, que faz com que o processo seja lento e que as crianças virem adolescentes nas instituições. Nem o fato de terem acabado com a única coisa que ainda funcionava no Brasil: o intuito personae. Não. A fila não anda por que ainda existe muito preconceito. Interessante, não? 30 mil pretendentes, 80 mil crianças conhecidas - muitas instituições não divulgam seus números - mas das quais menos de 10% podem ser adotadas - 5 mil em média, pois ainda estão em processo de análise burocrática. E enquanto a burocracia cresce, crescem também as crianças nos abrigos...

Com certeza, a culpa é dos pretendentes (a culpa não é sempre nossa no Brasil? A culpa pelas mazelas políticas, pelos governantes roubarem, pelos bandidos virarem bandidos - e se pedimos justiça somos monstros sanguinários e justiceiros - pela justiça ser diáfana e inexistente, pela saúde despedaçada, pela educação pública em frangalhos, enfim, não é sempre nossa culpa tudo que o Estado não oferece ao seu povo por seus módicos impostos pagos?)

Algumas reportagens não falem nem mesmo em preconceito, mas em racismo. Vejam abaixo:

http://www.achebelem.com.br/noticias/racismo-e-o-que-mais-prolonga-as-filas-para-adocao

Incrível, não?

domingo, 11 de julho de 2010

O futuro...

Oh, minhas amigas queridas, como fico feliz quando vejo que conseguiram seus sonhos! Penso que talvez comigo ainda haja esperança, não?
Preciso visitar a Thais (juro que vou, no dia que conseguir tirar férias!)e gostaria de mandar meus abraços e grande carinho para nossas amigas de Portugal que ainda veem esse blog meio empoeirado...

Bom, vamos lá.

Esse ano, estou emagrecendo, tomando boletas para emagrecer, me cuidando (cuidando da cara toda manchada, das banhas que já estavam me sufocando e recuperando um pouco da auto-estima). Ano que vem, volto para as FIVs!!! Já me decidi. Esse ano não vai dar, uma vez que não tenho dinheiro para isso. Vou ver uma palestra no centro ABC, que diz ser mais barato, mas depois eu conto como foi. Por hora, vou pesquisar. E ano que vem acho que vou acabar fazendo o tratamento em Curitiba que a Thais fez, o gravidez garantida. Mais uma vez, se eu conseguir tirar férias, vou até lá e conto para vocês como foi.

No mais, adoção, depois dessa nova lei, eu acho muito menos provável que elefante jogar bola usando tutu listrado, pois para cada criança que chega a um hospital, um monte de papéis se formam diante da mãe e todos possíves adotantes em toda a família, vizinhos, gatos, cachorros periquitos e papagaios. Vocês acreditam que eu li uma reportagem dizendo que agora, depois dessa fantástica nova lei de adoção, 4 crianças já foram adotadas? Em seis meses? em um país de 190 milhões de pessoas? Fantástico não? Ficou realmente muuuuito melhor. Menos de uma criança por mês no país inteiro. Eu posso estar preparada e montar o quartinho, comprar enxoval e estar preparada, pois com certeza, na minha próxima encarnação alguém me liga do fórum...

Então, vou voltar para os tratamentos...

Mas meninas, preciso dizer para vocês: a idade está pesando. Comecei esse blog cheia de esperanças de escrever sobre barrigas e enxovais, 3 anos atrás, aos 31 anos. Hoje, com 34, à beira dos 35 começo a ver meu dia a dia sem filhos. Já tentei um milhão de vezes. Já desisti outro milhão de vezes. Já voltei a acreditar. Já tive esperança. Já matei as esperanças. Já xinguei as esperanças. Depois voltei a ter esperanças.
Ah, como existem dias de vazio por toda a casa, por toda a vida, por toda a existência! Como tem dias em que passamos nos perguntando se temos uma família, se essa é nossa família diminuta, se será esse núcleo que vai nos acompanhar até a morte? Tem dias que fico feliz se for só assim, pois pelo menos meu marido, meus pais e familiares estarão me seguindo até o fim, não? Mas tem dias que falta tanta coisa! Tanta coisa!

Bom, o que podemos fazer, não? Só o que podemos... tratamentos, filas infinitas de adoção, uma meia esperança que não destrua sua vida depois. Meios pensamentos. Pensar em tudo meio na penumbra, para não doer demais quando vemos tudo às claras.

Mas o relógio tá batendo mais forte nos meus ouvidos a cada dia... me falando, cada vez mais alto: os 35 estão chegando... os 36...os 37... os 40...

O que vai acontecer quando chegar um momento em que o relógio chegou no seu limite? ah, melhor pensar no escuro... pode ser que a luz machuque a retina...

sábado, 15 de maio de 2010

Olá

Bem, vamos aqui seguindo nesta vida...
Fui visitar minha mão hoje e uma visita desagradável me atormentou para que eu tivesse logo filhos... e bem resolvi escrever para desabafar um pouco e também falar que logo volto aos tratamentos.
Como foi:
-Por que vc não tem filhos?
-Não sei, vamos ver.
-Você nunca quis?
-vamos ver quem sabe, né?
-Mas há quanto tempo vc é casada?
-oito anos
-ahh, mas já faz muito tempo... por que vc não quer?
-quem sabe mais para frente?
-ah, mas se não for por vc, tenha por seus pais, senão eles não vão ter tempo de conhecer!
-é.
-Eles vão viver mais se vc tiver, vc vai ver. Isso dá motivo para eles viverem mais.
-é.
-Então, é preciso ter, eu vejo meu neto, é o motivo da minha vida. Você tem que pensar neles! Seu irmão não está mais aqui, você precisa ter!

Respirei fundo. Ela não iria desistir.

-Eu não posso ter filhos.
-Não? Por que?
-Por que não.
-Mas por que?
-Por que não.
-Mas por que não pode?
-Eu tenho problema.

Merda. Aí ela calou a boca. E finalmente foi embora. Mas não tive como não ficar pensando.

É, é isso aí mesmo. Meus filhos seriam os únicos netos. Se existissem. É, meus pais estão velhos, não sei se vão conhecer os netos. É, é culpa minha mesmo. Sou uma imbecil, que nem pode dar a eles isso. É, eles não vão ter essa alegria. Por que eu não vou dar. Eu já sei de tudo isso, não precisa me esfregar na merda da cara.

É o tipo de pessoa assim: estávamos falando de morte, genericamente, de tv e de como o mundo está, os assaltos, o medo, os acidentes. Aí, no meio disto tudo ela disparou "- ué, mas isso é normal, seu irmão não morreu também? " Sabem, como quem quer dizer, '"aliás, o telhado da sua casa não é verde, por acaso?"
Entendem?
Que inferno. Por que as pessoas fazem isso? Aliás, por que as pessoas são assim? Basta o inferno nosso de cada dia para que os cacos fiquem sempre coladinhos nos seus devidos lugares para a gente não despedaçar em um milhão de pedaços de vidro? É necessário que se batam na superfície com uma marreta para ver se aguentamos? Merda.

***

No mais, uma notícia boa no meio deste país de impunidade e leis feitas para defender bandidos: o comparsa do assassino do meu irmão foi condenado a 20 anos. O juiz assinou a condenação no dia em que meu irmão completaria 32 anos. Foi um grande presente de aniversário. Obrigada Deus, por algo de bom. Obrigada ao Juiz, pela justiça concedida. Um assassino já havia sido condenado a 33 anos. Agora os dois irão pagar por ter destruído nossas vidas, e por ter tirado a vida de uma pessoa tão maravilhosa. Não vou falar que em alguns anos eles estarão nas ruas por causa destas leis ridículas, não mereço estragar alguns momentos bons a que temos direito.

***

Vou participar de uma palestra no Instituro ABC de São Paulo para ver a possibilidade de ICSI ou FIV. Em junho devo tirar alguns dias de férias e quero ver como funciona os trabalhos deles. Ouvi falar que fazem FIV de baixo custo, que é bem acessível. Oba! Vamos lá ver! Quem sabe não?

***

No mais, vou postando quando tiver mais novidades quanto a isso. Talvez eu tente uma inseminação artificial no final do ano, mas isso ainda depende de alguns exames que o meu marido está fazendo. Prometo que conto tudo.

Quanto a adoção, não sei como está, preciso ir lá ver se a fila andou. Eu duvido muito.

bjs e ótima semana!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

News? No news...

Estamos oficialmente na fila para a adoção. Nosso número? 151. Aí a mulher deu uma longa explicação de que na verdade tem umas firulas de que umas 70 pessoas estão com crianças em fase de adaptação, e que esse número não é fechado, etc. No fim, ela falou que estamos no número 70 e poucos, o que achei deveras weird. Em seis meses devo voltar lá para ver se esse número se mexeu.
hmmmm.
Perguntei:
-Se eu souber de uma criança e a mãe quiser fazer adoção consensual para mim, eu posso adotá-la? (quase causei um enfarte na mulher com essa minha pergunta)
-Se vc trouxer uma criança aqui, daremos a criança para o primeiro da fila!!! Nada de furar fila! Não pode! non ecxisteee! (hehe)
**o que, diga-se de passagem é no mínimo justo, mas como no Brasil "justo" e "Justiça" são palavras antagônicas, ganha quem tem bom advogado e a tar da fila continua sendo furada anyway. Só os marmitão como eu que não conseguem bósforas nenhumas...
-Se eu for num orfanato e achar uma criança, posso adotá-la?
-Senhora, não há ninguém em nenhum orfanato com as características que vc pediu. Se vc não queria com essas características, deveria tê-las colocado de forma diferente... (dããã) A senhora deveria aguardar mais um pouco, e se resolver mudar as características, poderá alterar a ficha.

Sei que saí do Fórum tão ou mais desanimada do que quando entrei. Nada anda nesse país. Aliás, nada anda na minha vida. Deve ser por que sou uma pessoa das trevas. Ou porque tenho escamas nas costas? Mas falando sério. Sei que a vida de todo mundo é complicada, tudo demanda esforço, mas sabe, eu até que tenho algumas coisas, consegui outras, mas mêu, será que não dava para de vez em quando alguma coisa ser um pouco mais fácil não? Até para ter filhos, que todo mundo tem, eu tenho que passar por uma luta de anos e anos que nem sei se vai dar certo? Ave! Tô como Térésa Bátisxta, cansada de guerra...

Estou aqui quebrando a cabeça para saber o que devo fazer... Devo tentar novo tratamento? Estou consultando nosso caso com uma conhecida clínica de Campinas, eles oferecem outros tratamentos além da FIV. A dúvida é, outros tratamentos ajudariam?

ah, well, sei lá. Sei que todo mundo que eu conheço está ficando grávida, menos eu. E tô com uma certeza latente de que esse negócio de adoção vai dar certo quando já estivermos os dois de cabelos brancos e bengalas em punhos, quando eu não lembrar mais para quê serve aquele treco de lã tão famoso, fechado de um lado e aberto de outro que tem tantos e tão coloridos nas gavetas... e que estranho, sempre em parzinhos... para quê mesmo que servia, heim??

Bom, será que devo começar a procurar nos orfanatos por crianças mais velhas? Será que é uma boa? Será que vai dar certo? {suspiro}

Acho que vou guardar dinheiro para tentar outra FIV. Mas até eu ter o dinheiro já morri de ansiedade... e será que ainda vou me lembrar o que são os misteriosos parzinhos de lã?

bjs e até mais

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Adoção - Decisão do juiz

Tenho boas notícias: a Justiça nos considerou aptos a termos um filho! (parece que só a mãe natureza não concorda com isso hehe).

Agora entramos legalmente na fila de adoção. Não tenho muita experiência ou informações sobre o andamento desta tal fila, mas vou ao fórum essa semana para ver a nossa colocação.

Optamos por uma criança até 2 anos, mas nesta característica, a fila pode demorar em média 3 anos. Estou bastante propensa a abrir mão do bebê (afinal, já não abri mão da barriga, resultado de exame, etc.?) e optar por uma criança um pouco mais velha. Preciso pesquisar mais para ver como seria essa experiência...

Fico me imaginando velha (já já chega a idade, a aposentadoria, a velhice) e então vamos olhar para trás e pensar: por que foi mesmo que fiz tudo isso - trabalhar tanto, pagar as contas, ter casa, carro, etc.? E vamos olhar para os lados e perguntar: quem está aqui comigo agora? Quem estará aqui daqui a alguns anos? Quem vai se lembrar de nossas histórias, nossos valores? Com quem vamos dividir os próximos passos, além do companheiro que também já envelhece? E então, será que vai fazer alguma diferença a genética? A barriga? O berço? Os primeiros passos? hmmm... e se fizer? E se isso fizer falta até o fim e sempre nos questionarmos se não seria melhor continuarmos tentando? Que droga. Por que andamos sempre às escuras? Faróis para frente e olhando para o retrovisor?

Quanto aos tratamentos, não vejo muita esperança (não para vocês, para mim meninas - os tratamentos funcionam). Não tenho dinheiro esse ano para tentar. Não sei a situação nos próximos anos. Ninguém sabe por quanto tempo tem emprego e condições de arriscar uma grana preta nisso (e eu realmente não vou ter o $ por um bom tempo...). Vocês sabem como funciona o cadastro na fila de tratamento com baixo custo? Funciona? Anda? Algum dia te chamam?

Hmmm. Também preciso pesquisar isso. Mas estou entrando em mais um momento dark, então tenho que fazer de tudo para só pensar em flores...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Despedida?

Olá pessoas,

Entonces, o atraso era alarme falso (lógico) e sabem, não sei quais os próximos passos.

Em 2009 eu não fiz nenhum tratamento, mas dei entrada na papelada da adoção.

Para 2010 eu queria fazer um tratamento, mas não tenho previsão de ter dinheiro para isso e nem sei se ainda acredito que pode dar certo...

Na verdade eu já não acredito mais que um dia serei mãe. Parece algo distante, sem nada palpável, como fumaça. Enfim, algo que acho que já comecei a deixar nas sombras, mais um sonho sem possibilidade de se realizar.

Estava pensando em escrever sobre todas as coisas que não são efetivadas quando o filho não vem, não sei o por quê, mas queria deixar em algum lugar a falta de alguém que nunca existiu: o vazio dos ecos das risadas... a falta da gritaria, da bagunça... o silencio todos os dias... sentir-se meio alienígena quando todo mundo leva seus filhos em uma festa e vc fica em casa ....não ouvirmos os choros depois dos tombos, a vontade de perder sua identidade para passar a ser chamada como todas as demais mães do mundo, a falta de um berço, não ter nenhum motivo para redecorar os quartos (que sobram, esperam e não mudam), nenhuma escolinha, nenhum sorrisinho de dentinhos de leite, ninguém para ensinar o significado do natal e ninguém para dar ovos de páscoa de presente. Ninguém para te acompanhar pela vida, ninguém para dividir as refeições além de seu companheiro de toda vida. Nenhum neto para pessoas que nunca ouvirão as palavras Vó e Vô. Ninguém para ligar para ir nos buscar no hospital no fim da vida. Ninguém para cuidar das feridas quando chegar a hora, ninguém para compartilhar as alegrias de um dia comum, nenhuma formatura para assistir, noras e genros para conhecer, netos para renovar toda aquela vida que já parecia estar ficando sem graça...

Enfim, uma vida incompleta, mas o que fazer quando é esse seu destino? Adianta perguntar por quê? Alguém vai responder?

Ah, não, não vou continuar por essas linhas pois não vale a pena. Nada muda. Uma lágrima não muda nada. A dor não muda nada. Apenas nos torna pessoas mais calejadas, mais amargas. Portanto, não, não resolve nada se lastimar.

Mas eu gostaria mesmo de escrever sobre o que será daqui para frente, se nada der certo (e oh! que abobrinha, o que poderia dar certo?? se não estou fazendo nenhum tratamento, nenhum plano???). O que não está planejado não pode não dar certo pode?? Não, lógico que não.

Mas não se preocupem, estou muito bem. Não estou deprimida nem nada. Hoje escrevo sobre isso sem chorar, e podem acreditar: sem ficar nem ao menos triste. Isso tudo parece distante, não dói mais e sinceramente já quase não importa mais. Quase.

Acho que depois da perda do meu irmão, qualquer coisa ficou fichinha. Depois, veio a infertilidade, e acho que ela foi a pitada de pimenta. E bem, esse assunto de filhos está agora quando virando uma folha amarelada, um livro que fica pelo caminho sem fechar e que você não tem a menor idéia de qual seria o final se continuasse lendo.

Pessoas que me acompanharam pelos últimos 3 anos: não acredito que este blog dure muito mais, portanto agradeço pelas visitas, pelo apoio, adorei conhecer pessoas maravilhosas aqui, adorei acompanhar histórias de guerreiras e guerreiros, que lutaram e venceram. Adorei conhecer pessoas muito especiais que ainda estão no caminho que as levará a realizar seu sonho. Foi ótimo.

Mas bem, não sei se volto a escrever aqui ou quando volto. Afinal, sobre o que eu iria falar?? As olimpíadas? todas essas tragédias aqui no Brasil? por que diabos esse blog se chama então Tudo por um Baby?

Beijos e saibam que foi MARAVILHOSO conhecer vocês, mesmo que virtualmente, mesmo que de longe, mesmo algumas estando do outro lado do oceano. Desejo que vocês consigam realizar o seu sonho, vocês merecem!! E espero que seja em 2010!!