quinta-feira, 15 de julho de 2010

Nova Lei de Adoção e Campanhas

As campanhas de adoção em todo o país pedem que os pais adotantes não tenham "preconceitos"contra cor, idade, sexo, etc.

Vi uma entrevista da criação de grupos de apoio a pais que desejam adotar para que deixem o 'preconceito' de lado e adotem crianças mais velhas ou crianças de outras etnias.

Acho interessante promover a adoção de crianças mais velhas e promover o fim de preconceitos.

Mas me sinto pessoalmente ofendida quando, a partir do momento em que entro em um processo de adoção, passo a ser conhecida como uma pessoa preconceituosa e que exige que a criança seja um bebê de até 2 anos só por capricho ou preconceito. Ninguém se importa com minha história ou que sonhamos, mas sim com o fato de que se estou na fila, é por que sou um monstro caprichoso e intolerante, que não sabe o que é amor. Parece que sou uma criminosa. Só por que entrei na fila de adoção.

Acho que deve existir uma forma de começarmos a enxergar os seres humanos que estão na fila de adoção, antes de tentar resolver o problema do Estado em manter as crianças e também os problemas do mundo, pois não será possível acabar com a violência, maus-tratos ou pobreza simplesmente pedindo para as pessoas adotarem mais crianças.

Primeiramente por que a adoção não pode jamais ser um caso de caridade, para não causar mais problemas a criança. Veja, caridade o ser humano faz até o seu limite de tolerância, e isso se limita a uma situação simples, sem complicadores. Má-criação, problemas de relacionamento, envolvimento com más companhias etc. costumam quebrar em pedaços a caridade, pois o objetivo não era ter a pessoa como membro da família, mas como uma forma de externar bondade. Que é uma péssima idéia.

Portanto, a adoção tem que ser para que pais queiram ter filhos, e mesmo que a justiça não goste muito de ver as coisas por esse ângulo, pois quem movimenta esse mundo são os pais. E precisam ser pais, não pessoas que estão passando pelo orfanato para fazer caridade. Daí o incômodo de dizer que as pessoas que estão na fila tem preconceito e não deixam a fila andar.

Querem dizer que quando a fila não anda não é por culpa da burocracia, da lentidão da justiça, de um processo enferrujado e cheio de pareceres, análises, meses de espera, anos de fila e do fato das crianças passarem anos num abrigo sem decisão da justiça para suas situações, que faz com que o processo seja lento e que as crianças virem adolescentes nas instituições. Nem o fato de terem acabado com a única coisa que ainda funcionava no Brasil: o intuito personae. Não. A fila não anda por que ainda existe muito preconceito. Interessante, não? 30 mil pretendentes, 80 mil crianças conhecidas - muitas instituições não divulgam seus números - mas das quais menos de 10% podem ser adotadas - 5 mil em média, pois ainda estão em processo de análise burocrática. E enquanto a burocracia cresce, crescem também as crianças nos abrigos...

Com certeza, a culpa é dos pretendentes (a culpa não é sempre nossa no Brasil? A culpa pelas mazelas políticas, pelos governantes roubarem, pelos bandidos virarem bandidos - e se pedimos justiça somos monstros sanguinários e justiceiros - pela justiça ser diáfana e inexistente, pela saúde despedaçada, pela educação pública em frangalhos, enfim, não é sempre nossa culpa tudo que o Estado não oferece ao seu povo por seus módicos impostos pagos?)

Algumas reportagens não falem nem mesmo em preconceito, mas em racismo. Vejam abaixo:

http://www.achebelem.com.br/noticias/racismo-e-o-que-mais-prolonga-as-filas-para-adocao

Incrível, não?

domingo, 11 de julho de 2010

O futuro...

Oh, minhas amigas queridas, como fico feliz quando vejo que conseguiram seus sonhos! Penso que talvez comigo ainda haja esperança, não?
Preciso visitar a Thais (juro que vou, no dia que conseguir tirar férias!)e gostaria de mandar meus abraços e grande carinho para nossas amigas de Portugal que ainda veem esse blog meio empoeirado...

Bom, vamos lá.

Esse ano, estou emagrecendo, tomando boletas para emagrecer, me cuidando (cuidando da cara toda manchada, das banhas que já estavam me sufocando e recuperando um pouco da auto-estima). Ano que vem, volto para as FIVs!!! Já me decidi. Esse ano não vai dar, uma vez que não tenho dinheiro para isso. Vou ver uma palestra no centro ABC, que diz ser mais barato, mas depois eu conto como foi. Por hora, vou pesquisar. E ano que vem acho que vou acabar fazendo o tratamento em Curitiba que a Thais fez, o gravidez garantida. Mais uma vez, se eu conseguir tirar férias, vou até lá e conto para vocês como foi.

No mais, adoção, depois dessa nova lei, eu acho muito menos provável que elefante jogar bola usando tutu listrado, pois para cada criança que chega a um hospital, um monte de papéis se formam diante da mãe e todos possíves adotantes em toda a família, vizinhos, gatos, cachorros periquitos e papagaios. Vocês acreditam que eu li uma reportagem dizendo que agora, depois dessa fantástica nova lei de adoção, 4 crianças já foram adotadas? Em seis meses? em um país de 190 milhões de pessoas? Fantástico não? Ficou realmente muuuuito melhor. Menos de uma criança por mês no país inteiro. Eu posso estar preparada e montar o quartinho, comprar enxoval e estar preparada, pois com certeza, na minha próxima encarnação alguém me liga do fórum...

Então, vou voltar para os tratamentos...

Mas meninas, preciso dizer para vocês: a idade está pesando. Comecei esse blog cheia de esperanças de escrever sobre barrigas e enxovais, 3 anos atrás, aos 31 anos. Hoje, com 34, à beira dos 35 começo a ver meu dia a dia sem filhos. Já tentei um milhão de vezes. Já desisti outro milhão de vezes. Já voltei a acreditar. Já tive esperança. Já matei as esperanças. Já xinguei as esperanças. Depois voltei a ter esperanças.
Ah, como existem dias de vazio por toda a casa, por toda a vida, por toda a existência! Como tem dias em que passamos nos perguntando se temos uma família, se essa é nossa família diminuta, se será esse núcleo que vai nos acompanhar até a morte? Tem dias que fico feliz se for só assim, pois pelo menos meu marido, meus pais e familiares estarão me seguindo até o fim, não? Mas tem dias que falta tanta coisa! Tanta coisa!

Bom, o que podemos fazer, não? Só o que podemos... tratamentos, filas infinitas de adoção, uma meia esperança que não destrua sua vida depois. Meios pensamentos. Pensar em tudo meio na penumbra, para não doer demais quando vemos tudo às claras.

Mas o relógio tá batendo mais forte nos meus ouvidos a cada dia... me falando, cada vez mais alto: os 35 estão chegando... os 36...os 37... os 40...

O que vai acontecer quando chegar um momento em que o relógio chegou no seu limite? ah, melhor pensar no escuro... pode ser que a luz machuque a retina...