terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Despedida?

Olá pessoas,

Entonces, o atraso era alarme falso (lógico) e sabem, não sei quais os próximos passos.

Em 2009 eu não fiz nenhum tratamento, mas dei entrada na papelada da adoção.

Para 2010 eu queria fazer um tratamento, mas não tenho previsão de ter dinheiro para isso e nem sei se ainda acredito que pode dar certo...

Na verdade eu já não acredito mais que um dia serei mãe. Parece algo distante, sem nada palpável, como fumaça. Enfim, algo que acho que já comecei a deixar nas sombras, mais um sonho sem possibilidade de se realizar.

Estava pensando em escrever sobre todas as coisas que não são efetivadas quando o filho não vem, não sei o por quê, mas queria deixar em algum lugar a falta de alguém que nunca existiu: o vazio dos ecos das risadas... a falta da gritaria, da bagunça... o silencio todos os dias... sentir-se meio alienígena quando todo mundo leva seus filhos em uma festa e vc fica em casa ....não ouvirmos os choros depois dos tombos, a vontade de perder sua identidade para passar a ser chamada como todas as demais mães do mundo, a falta de um berço, não ter nenhum motivo para redecorar os quartos (que sobram, esperam e não mudam), nenhuma escolinha, nenhum sorrisinho de dentinhos de leite, ninguém para ensinar o significado do natal e ninguém para dar ovos de páscoa de presente. Ninguém para te acompanhar pela vida, ninguém para dividir as refeições além de seu companheiro de toda vida. Nenhum neto para pessoas que nunca ouvirão as palavras Vó e Vô. Ninguém para ligar para ir nos buscar no hospital no fim da vida. Ninguém para cuidar das feridas quando chegar a hora, ninguém para compartilhar as alegrias de um dia comum, nenhuma formatura para assistir, noras e genros para conhecer, netos para renovar toda aquela vida que já parecia estar ficando sem graça...

Enfim, uma vida incompleta, mas o que fazer quando é esse seu destino? Adianta perguntar por quê? Alguém vai responder?

Ah, não, não vou continuar por essas linhas pois não vale a pena. Nada muda. Uma lágrima não muda nada. A dor não muda nada. Apenas nos torna pessoas mais calejadas, mais amargas. Portanto, não, não resolve nada se lastimar.

Mas eu gostaria mesmo de escrever sobre o que será daqui para frente, se nada der certo (e oh! que abobrinha, o que poderia dar certo?? se não estou fazendo nenhum tratamento, nenhum plano???). O que não está planejado não pode não dar certo pode?? Não, lógico que não.

Mas não se preocupem, estou muito bem. Não estou deprimida nem nada. Hoje escrevo sobre isso sem chorar, e podem acreditar: sem ficar nem ao menos triste. Isso tudo parece distante, não dói mais e sinceramente já quase não importa mais. Quase.

Acho que depois da perda do meu irmão, qualquer coisa ficou fichinha. Depois, veio a infertilidade, e acho que ela foi a pitada de pimenta. E bem, esse assunto de filhos está agora quando virando uma folha amarelada, um livro que fica pelo caminho sem fechar e que você não tem a menor idéia de qual seria o final se continuasse lendo.

Pessoas que me acompanharam pelos últimos 3 anos: não acredito que este blog dure muito mais, portanto agradeço pelas visitas, pelo apoio, adorei conhecer pessoas maravilhosas aqui, adorei acompanhar histórias de guerreiras e guerreiros, que lutaram e venceram. Adorei conhecer pessoas muito especiais que ainda estão no caminho que as levará a realizar seu sonho. Foi ótimo.

Mas bem, não sei se volto a escrever aqui ou quando volto. Afinal, sobre o que eu iria falar?? As olimpíadas? todas essas tragédias aqui no Brasil? por que diabos esse blog se chama então Tudo por um Baby?

Beijos e saibam que foi MARAVILHOSO conhecer vocês, mesmo que virtualmente, mesmo que de longe, mesmo algumas estando do outro lado do oceano. Desejo que vocês consigam realizar o seu sonho, vocês merecem!! E espero que seja em 2010!!