domingo, 1 de março de 2009

Barriga

Meninas, deixem-me desabafar um pouco sobre uma coisa que está me assaltando vez ou outra (ou vez e outra para ser mais sincera): a falta da barriga.

Não, não estou falando desta barrigona pelancuda e idiota que teima em me dar desgosto na academia... Estou falando do conteúdo, do sentido de se saber mãe, do início da história que se inicia com o exame positivo e então nos próximos meses, embrião/feto/bebê crescem junto com a mãe que se prepara conforme a barriga aumenta. E enquanto ela cresce, o quartinho é montado, as roupinhas são compradas, o nome é escolhido, as pessoas te aconselham, e todos esperam, anseiam, aguardam e se preparam, pois no dia que o parto acontecer, nascem juntos mãe e filho.

E então, essa história de infertilidade te tira isso e te dá em troca um mundo de agulhas, estetoscópios, tratamentos caros, milhões de opiniões diferentes, milhões de dúvidas e uma série de decisões pesadas que vc não tem capacidade ou ombros para suportar (in vitro? gametas doadas? adoção? adoção consensual? inseminação? benza? reza? macumba? ceticismo? promessa? desisir? é um castigo? é um teste? é algo a aprender? é um alerta? o que é isso afinal e o que fazer afinal, alguém tem alguma idéia??)...

E bem, sinto-me vazia muitas vezes. Como se minha barriga estivesse vazia, como se minha alma estivesse vazia. Será uma reflexo da outra?

E bom, os meses passam e as dúvidas assaltam, o vazio aumenta e isso incomoda sempre...

E nesses dias estava pensando que isso é uma das coisas que mais me assustam na adoção: terei eu como me preparar para ser mãe? Saberei o que fazer?

E em outros dias me pergunto: devo mesmo desistir dos tratamentos? E se tentar mais uma vez? Mais duas? Mais oito? Quantas vezes até me convencer de que nunca vai funcionar? Ou quantas vezes até me tornar mãe? Qual é a resposta certa?

ah... como a vida seria boa se viesse com manual de instruções...
como era mesmo aquela frase? "a vida deveria ter duas fases: uma para ensaiar e outra para atuar" (acho que era mais ou menos assim). Não seria ótimo saber algumas coisas que parecem já estar traçadas em nossa vida de antemão? Mas e se não estiverem traçadas at all??

Bem, chega de chororô (para lembrar um pouco do barbudo-mor)...

Talvez a decisão (?) que parece mais clara (?!) agora seja:
1) tentar outro tratamento em junho
2) aprender mais sobre ser mãe sem barriga
3) aprender mais sobre mais tratamentos para ganhar a barriga (não a de banha, essa já tenho!)
4) e aprender a ser mãe, de coração ou de sangue, para se acontecer, eu estar mais preparada.

Meu Deus, será que isso tudo quer dizer que não estou preparada para ser mãe??? ichiii... mas uma dúvida para atormentar a cabecinha já confusa...

5 comentários:

Anônimo disse...

Amore...faça uma coisa de cada vez...Esgote as possibilidades de ser mãe pelo seu ventre...e caso vc não consiga... seu coração nesse momento estará aberto para se doar a uma criança.

Anônimo disse...

Se não tiver outro jeito, se a idade chegar(42/43) e o din din acabar, sua única opção será adoção, até lá entre algumas viagens, passeios e outras coisas vá tentando ter do seu próprio ventre.
Já pensou que talvez não deu certo ainda, porque não é a hora correta?
Que talvez tenha algumas coisas guardadas (que você precise passar) antes da chegada deste bebe.
De tempo ao tempo, tudo tem sua hora.
beijos.

Maruja disse...

Minha querida, é engraçado como do outro lado do Atlântico há uma cabeça com as mesmas ideias e dúvidas que a minha :)
É uma crueldade juntar à infertilidade as dúvidas sobre a nossa real capacidade de ser mãe. É o que faz tanto tempo de espera :)
No meu caso, começo a delinear um caminho...Vamos tentar naturalmente e artificialmente (palavra feia para a ideia de fazer o nosso baby tão desejado)durante mais um ano ou dois...E depois, avançamos para a adopção. E nesse caso, a ideia é cada vez mais clara na minha cabeça. Estarei mais velha e desejarei uma criança e não um bebé.
Quanto ao ser boa mãe...por mais que a gente leia livros, acho que o amor e o bom-senso nos ajudará. A minha mãe nunca leu sobre como ser mãe e criou 3 filhotes. As minhas avós não sabiam sequer ler e conseguiram criar 10 filhos cada, em condições de vida bem complicadas.
Portanto, NÓS também vamos conseguir ;)
Beijocas

Dali disse...

Amiga anônima,

Obrigada pelos conselhos!

Maruja,
Pois é, acho que complicamos demais o que todo mundo consegue levar naturalmente...
mas nosso futuro nos aguarda, enquanto isso devemos fazer o que pudermos...

mil bjs

Unknown disse...

Cara Dalila
Lutei por muitos anos para ter um filho biológico, muitas inseminações, FIV's, terapia, frustrações, enfim, nunca encontraram um diagnóstico. Até que cheguei no meu limite emocional. A terapia me ajudou a fazer o "luto" da infertilidade. Quando decidimos pela adoção também tive todas as dúvidas possíveis e imagináveis. Não sabia se seria capaz de amar como mãe uma criança que não fosse gerada em meu ventre. Sempre pedia muito a Deus que me encaminhasse a criança que melhor se adaptasse a nós e nós a ela e que eu soubesse quando chegada a hora.
Nesse meio tempo também frequentava um grupo de apoio à adoção de minha cidade que me ajudou bastante a romper os medos e preconceitos.
Depois de 1 ano e meio chegou minha filha com 9 dias. O que eu posso te dizer hoje? Que não existe amor maior neste mundo, não tenho dúvida nenhuma de que nós nascemos para nos encontrarmos. A adoção é apenas uma maneira diferente de termos um filho. Bom, poderia ficar aqui até amanhã falando sobre isso, mas procure manter a serenidade e a certeza de que seu filho chegará na hora certa, seja da maneira que for. Enquanto isso se prepare, leia muito, converse, ore, sua hora vai chegar.
Boa sorte e fique com Deus.
Telma
xstelma@gmail.com